O Anjo
O demônio sou eu.
Quem consome as brasas,
A penumbra em seu fulgor,
As oscilações impetuosas,
A ofensa de vosso calor.
O anjo és tu.
Pugnando o tormento,
Expurgando o lamento,
Energizando ataduras,
Lumiando ternuras.
O demônio sou eu.
O fastio descomunal,
A gana animal,
O rei de orate,
A carência da arte.
O anjo és tu.
A harmonia dos votos,
A prosperidade dos corpos,
A ventura do tolo,
O adorno do bolo.
O demônio sou eu, fascinado por ela,
O anjo és tu, quem ousou me oscular,
O anjo sou eu, liberado da cela,
O anjo és tu, a bonança do mar,
Um anjo virei, graças a tu,
O anjo sou eu, o anjo és tu.
O anjo és tu, meu anjo és tu.