Não fora este Oceano

Não fora esta inodora e insípida lágrima

de Deus, eu seria muito mais feliz e talvez

te avistasse do campanário da igreja

ao nascer do sol… de noite a lua

me guiaria num golpe de asa.

Não fora o amniótico abraço das ondas

conseguirias contar meus passos descalços

e até mesmo os movimentos dos meus abraços,

pequeno prazer comparável ao forte orgasmo.

Não fora a incapacidade humana de realizar

seus sonhos não seria violência esta distância,

como irisadas poesias das moças do Recanto,

e efémera seja esta poesia aos teus olhos

como pingos de água que caiem nesse Oceano.

Não fora ele…

Sentiria o teu perfume de flor.

Não fora ele…

Escutaria o canto da sereia?

Não! Então será tudo apenas ilusão?

Como é bom sentir os pés na areia,

este meu ser balbuciante de criança.

Não fora este Oceano como te viria?

Seria olhar os astros sem ver a Lua…

…inacessível a qualquer tipo de inspiração… fundo

como os fossos dos castelos medievais

e ira dos olhos que deixariam de ler minha poesia.

Não fora eu poeta além mar teria sentido

escrever e sonhar com as

asas das borboletas amarelas e o mestre rouxinol

que tem-me acompanhado toda uma vida.

Ahh como seria bom se fossemos estrelas

e desafiássemos o sol sem medo algum…

Não fora este mar revolto

talvez fosse potro selvagem…sem arção e sem brida

crinas ao vento…correria…correria indomável

como este coração de poeta sonhador.

Não fora tu existires eu morreria sem lápide

sem mar e sem poesia.

Febo
Enviado por Febo em 21/11/2017
Reeditado em 21/11/2017
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