A gota
Estava na garrafa quase vazia
Onde as gotinhas ainda grudavam no plástico azul
Pontilhando-o por dentro e assumindo sua cor.
O garoto brincava com a garrafa
E uma gotinha grudava na outra
Formando uma maior que escorregava
Escorria, escoava e corria como uma lágrima
De um lado a outro
Pelas curvas da garrafa
Com que o menino brincava.
A gota maior continuava sempre cercada
E gotinhas ficavam para trás
Marcando o caminho por onde ela passava,
Mas é sozinha que ela se enchia
E sozinha se esvaziava
E sozinha molhava o interior da garrafa
Com que o menino brincava.
O menino pensava no amor.
A gota não bem se importava.
Era a dança combinada de dor
E o palco entre os dois a garrafa.