A gota

Estava na garrafa quase vazia

Onde as gotinhas ainda grudavam no plástico azul

Pontilhando-o por dentro e assumindo sua cor.

O garoto brincava com a garrafa

E uma gotinha grudava na outra

Formando uma maior que escorregava

Escorria, escoava e corria como uma lágrima

De um lado a outro

Pelas curvas da garrafa

Com que o menino brincava.

A gota maior continuava sempre cercada

E gotinhas ficavam para trás

Marcando o caminho por onde ela passava,

Mas é sozinha que ela se enchia

E sozinha se esvaziava

E sozinha molhava o interior da garrafa

Com que o menino brincava.

O menino pensava no amor.

A gota não bem se importava.

Era a dança combinada de dor

E o palco entre os dois a garrafa.

Leandro Sales
Enviado por Leandro Sales em 18/11/2017
Código do texto: T6174962
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