DEPOIS DO NEVOEIRO

Olha o nevoeiro sobre as águas do rio,

E o sol se escondendo atrás das velhas árvores,

Somente o vento frio e algumas folhas se desprendendo,

Seus pensamentos agitam o coração,

Mas as águas deslizam lentamente,

A garganta se aperta, parece pequena para tanta saliva seca,

O universo se expande para te engolir em seu manto de estrelas,

O nevoeiro te oculta para a salvação não te encontrar,

Toca nas águas com as mãos geladas, e ela te aquecerá em sua frieza,

Não, ela não estava anoitecendo para te calar,

Ela escurecia para recolher-te em seu braço,

Em seu ar lutuoso ela te abraçava para sonhar,

Na solidão da madrugada uma flor se hidratava do orvalho,

Mas quem sabe a flor encontrava seu alimento nas lágrimas que os olhos derramavam,

Antes que o sono pudesse lhe render, antes do amanhecer,

Roda gigante do universo, milhões de estrelas,

Sinfonia dos pensamentos silenciosos,

Cântico da esperança latente,

O sol alcança o orvalho que evapora,

A flor floresce para seu dia e dança como um lábio liberando o sorriso,

Onde inesperadamente a mão do forasteiro aquece o corpo,

E seu beijo faz o coração arder em chamas que não consome,

E o nevoeiro não será barreia aos olhos que se refletem,

Ao fim o universo que o engolia se imiscuí aos seus doces sonhos,

Ao som do vento respira, ao som do vento a vida te chama,

E os pés cansados voltam a caminhar sem medo de viver,

Pois de que adianta o passado se não forem janelas ao amanhã,

O presente sou, é ele e nós, ele está aqui,

A flor timidamente floresceu e ele notou,

É a noite que passou, é o sol que nasceu,

É o amor curando, é o amor curado,

São olhos atentos desfazendo embaraços,

Construindo os telhados de sua paz,

Conectando sonhos na ponte daquele abraço.