A FÔRMA DO AMOR

Tu me abraças

e abre-se a madrugada.

Torno-me a tua pele

e algo em ti amadurece.

Tu transpiras

e nosso corpo é debilidade que chega

pois tu lembras dos ciúmes

e eu enumero nossas línguas cortadas.

Você me beija

e teu peito ruboriza.

Tu te preparas para um sobressalto

que se descarrega em mim.

Tu me confundes

e isso alarga o absurdo seguinte:

a carência ameaça

os nossos corações que crescem.

Tudo o que se desenrola,

demonstra-me a ubiquidade de ti,

mas também o meu umbigo,

soma o chulo e o divino,

impõe-nos ritmo, reação, nádegas

e o grotesco de sermos um só:

um corpo finalizado,

como um máscara africana.

Neste molde vazarão nossos olhos toscos.

DO LIVRO:"BORBOLETAS NOTURNAS NÃO EXISTEM"

Paulo Fontenelle de Araujo
Enviado por Paulo Fontenelle de Araujo em 12/11/2017
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