A FÔRMA DO AMOR
Tu me abraças
e abre-se a madrugada.
Torno-me a tua pele
e algo em ti amadurece.
Tu transpiras
e nosso corpo é debilidade que chega
pois tu lembras dos ciúmes
e eu enumero nossas línguas cortadas.
Você me beija
e teu peito ruboriza.
Tu te preparas para um sobressalto
que se descarrega em mim.
Tu me confundes
e isso alarga o absurdo seguinte:
a carência ameaça
os nossos corações que crescem.
Tudo o que se desenrola,
demonstra-me a ubiquidade de ti,
mas também o meu umbigo,
soma o chulo e o divino,
impõe-nos ritmo, reação, nádegas
e o grotesco de sermos um só:
um corpo finalizado,
como um máscara africana.
Neste molde vazarão nossos olhos toscos.
DO LIVRO:"BORBOLETAS NOTURNAS NÃO EXISTEM"