OLHOS FECHADOS

Olhos fechados, infinito azul da imaginação,

Que arrasta as nuvens das lembranças no ar da respiração,

Que traz música ao solitário amanhecer ao timbre do coração,

Sem desesperar, incansavelmente lutando, ainda acreditar.

Não são raras as andorinhas no verão,

Não são raras as flores amarelas da primavera,

Não são raras as noites tão estreladas do inverno,

Não são raras as folhas caídas em pleno outono.

Olhos fechados enquanto o mundo gira,

Enquanto a terra dança em sua valsa,

Enquanto a natureza clama por renovação,

E você um ponto pequeno em meio a imensidão.

E os remédios que curam o mal liberam outras doenças,

Sair correndo dos problemas é alegoria do carnaval,

Que não te afastará de ti mesmo, e o espelho apontará,

Os segredos do homem que primeiro sorriu para depois chorar.

Olhos fechados, uma oração, ainda acreditar,

Que entre a fecha e o alvo existe esperança,

Borbulhando no âmago do peito o fulgor da fé que não morreu,

É o fim se posicionando feito um começo, tantas vezes que não são raras.

Não são raros os amores que permanecem no verão,

Não são raros os amores que permanecem na primavera,

Não são raros os amores que permanecem no inverno,

Não são raros os amores que permanecem no outono.

Ainda que em uma cronometria invertida,

Fugindo da rota de tudo que é racional,

Lambendo as falésias em seus ventos,

Como um mar ressacado que após as trovoadas espreita a paz.

E assim o amor raia como a luz do oriente,

E brilha como as estrelas da meia noite,

E os temores se calam diante da paz de um abraço,

E os olhos fechados confiam finalmente em sua direção.