A ENSEADA DO AMOR

A mulher por cima adornando os dorsos

Navegando o mastro sem direção

É a vela do amor singrando os corpos

Ambos macho e fêmea num infinito vaivém

O mar dos corpos pulsa e repulsa

Nada é estético e nada é estático

Latejam disformes bem longe dos lençóis freáticos

Nas costas engolfadas as velas parindo o vento

É o mar que leva e trás infinitos gozos lunáticos

O farol que os guia está longe como a luxúria está do convento...

É agora a cadencia do movimento e o mar está revolto

Até que a fêmea se engravida na rede trazendo o rebento

Vem o enjoo e com ela a onda marulhada

Se congela na barriga da gravidez orvalhada

Qual pena que escrevendo o futuro suga a tinta do tinteiro

Onde milhões de girinos humanos nadam para chegar primeiro

Junto a embrulhada da enseada onde aporta o estaleiro...

É um mar dentro de outro mar...Amar!

De dois seres infinitos no mar da paixão

Fizeram-se três...corações a bater num único veleiro

Eis aí o verdadeiro milagre da multiplicação...

Onde o amor é o cancioneiro...

Jasper Carvalho
Enviado por Jasper Carvalho em 05/11/2017
Código do texto: T6162714
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