A ENSEADA DO AMOR
A mulher por cima adornando os dorsos
Navegando o mastro sem direção
É a vela do amor singrando os corpos
Ambos macho e fêmea num infinito vaivém
O mar dos corpos pulsa e repulsa
Nada é estético e nada é estático
Latejam disformes bem longe dos lençóis freáticos
Nas costas engolfadas as velas parindo o vento
É o mar que leva e trás infinitos gozos lunáticos
O farol que os guia está longe como a luxúria está do convento...
É agora a cadencia do movimento e o mar está revolto
Até que a fêmea se engravida na rede trazendo o rebento
Vem o enjoo e com ela a onda marulhada
Se congela na barriga da gravidez orvalhada
Qual pena que escrevendo o futuro suga a tinta do tinteiro
Onde milhões de girinos humanos nadam para chegar primeiro
Junto a embrulhada da enseada onde aporta o estaleiro...
É um mar dentro de outro mar...Amar!
De dois seres infinitos no mar da paixão
Fizeram-se três...corações a bater num único veleiro
Eis aí o verdadeiro milagre da multiplicação...
Onde o amor é o cancioneiro...