De tempos em tempos
Pra se apaixonar de verdade
Basta um olhar, sem maldade.
Um falar, um abraço.
Sem imposição que se atreva
Mobilizar até que se envolva
Um reavaliar do momento
Uma palavra, um pensamento.
Um saber que gostar
Basta se deixar levar.
De tempos em tempos
Deixe se sonhar
Pelo tempo, pelo gesto.
Basta parar da procura
Reter toda candura
Todo conceito de bondade
Não basta a idade
Ou sabedoria, tenha consciência.
Que talvez na adolescência
Fosse tão fácil quanto pareça
Mas só independe mesmo
Tudo que lhe aborreça
De tempos em tempos
Apague os tênues dissabores
Viva somente os amores
Dos dias que te foram brindados
Ao som de boleros, românticos
Ou sonatas que tocaram
As valsas, as marchas
De um banco de praça
Que alianças trocaram
Das juras de amor que calaram
Que o tempo se incumbiu
Dos dias inteiros, afastaram
De tempos em tempos
Os brados, os sustos
Passaram, pra outra ordem
Já não tão importantes
Que se fizeram instantes
De um tempo acordado
Perfazem angustiosas palavras
Ríspidas, mal colocadas
De um cotidiano atropelado
Que talvez seja então o único
E real culpado