MIRAGEM

MIRAGEM

Eu a inventei.

Construi-a em meus sonhos

E a trouxe para a vida real.

Como um escultor, transformei em realidade

A massa disforme de meus desejos.

Eu a idealizei.

Coloquei nela todas as minhas expectativas,

Projetei nela todos os meus anseios.

E então vi que era a mulher ideal,

Que jamais existira

E jamais viria a existir.

Não haveria outra mais bela,

Mais meiga e mais terna.;

Eu a quis ao meu lado,

Para sempre,

Eterna companheira,

Reflexo de minha alma.

De repente o sonho acabou.

Tal como uma miragem

A visão se desfez.

Sonhos não são reais;

Desejos não se materializam.

E vi que a escultura era de barro,

E se desfez ante meus olhos.

Hoje eu a vejo,

Mas só consigo captar a frieza da escultura,

E o vazio da alma.

Foi apenas um sonho que acabou,

Um ideal que não se concretizou

E um vulto que se perdeu na noite.

Não choro pela mulher que passou.

Lamento tão somente

Pela miragem que se apagou.

Pedro Lodi
Enviado por Pedro Lodi em 02/11/2017
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