MIRAGEM
MIRAGEM
Eu a inventei.
Construi-a em meus sonhos
E a trouxe para a vida real.
Como um escultor, transformei em realidade
A massa disforme de meus desejos.
Eu a idealizei.
Coloquei nela todas as minhas expectativas,
Projetei nela todos os meus anseios.
E então vi que era a mulher ideal,
Que jamais existira
E jamais viria a existir.
Não haveria outra mais bela,
Mais meiga e mais terna.;
Eu a quis ao meu lado,
Para sempre,
Eterna companheira,
Reflexo de minha alma.
De repente o sonho acabou.
Tal como uma miragem
A visão se desfez.
Sonhos não são reais;
Desejos não se materializam.
E vi que a escultura era de barro,
E se desfez ante meus olhos.
Hoje eu a vejo,
Mas só consigo captar a frieza da escultura,
E o vazio da alma.
Foi apenas um sonho que acabou,
Um ideal que não se concretizou
E um vulto que se perdeu na noite.
Não choro pela mulher que passou.
Lamento tão somente
Pela miragem que se apagou.