AMOR

Amor

Ah, o amor!

Que é? Senão o limite da redundância

Como um poema arrancado do corpo

Em ablação

Amor em mitema ofertado a Eros

Em oblação

Mas creio

Nada disso é amor, senão próprio

:

Na redundância asmática das cartas

Na superfície magra e pálida do abraço

No poema velhaco e empoeirado e nostálgico

Nos desejos e segredos esbranquiçados pelo alzheimer

Naquele beijo apagado da saliva pelo escovar

No afago amafagafizado materno e eternizado

Na oxidada e amarelada foto da infância

No incendiário da paixão apagada com a realidade

Nos suspiros doces e suspiros vapores...

E nada disso é verdade, sobre o rancor

Mas algo é certo, já se dizia:

Quando acaba o amor

Acaba a poesia.