CHEIRO DE PIRATA
No transbordo do amor me recosto,
fico aguado esperando a rebeldia,
aquela brisa que tanto ecoei, ali está.
No suor do amor me viro do avesso,
cambalhoto meus arremedos, minhas folias,
meus encantos de matreiro fanfarrão.
No colo do amor me respingo, tanto, tento,
viro fera, viro Deus, viro menino de novo,
consigo expurgar cada descaso da minha alma
que mal reconheço desta vez.
No adeus do amor fico rei,
fico raio, fico fresta, fico véu,
então - e como não - vou à cata de mim mesmo.
Pego meu útero nas mãos e choro, como choro, como choro,
viro de costas para meus azedos, meus folguedos sem rima,
recolho então meus suores fugidos e os enlaço, todos eles,
mais do que poeta, sou parte de um canto lindo,
que nesta hora me abraça com cheiro de pirata.
Durmo por certo até os sinos chamarem pra festa,
vejo que estou mais vivo do que sempre quis,
vejo que virei alma perene, volátil, asquerosa por tabela,
chamo meus poros de volta e eles não respondem mais,
chamo meus porões e eles pouco reagem,
porque se gelatinaram esperando meu retorno
que nunca mais vai acontecer.
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