ESTRELAS DORMINDO
ESTRELAS DORMINDO
Marília L. Paixão
Largou-te
a mão que prometera
nunca deixar-te
Essa mão que largou a tua
ainda hoje flutua
no vazio
Tua ausência é tão evidente quanto a morte deve ser
De vez em quando estas mãos gritam teu nome
Estás longe mas ouve
Tenta até agarrá-la
Tento entregá-la
Mas a bandeja em que antes
ela te servia
não mais cabe as nossas taças
Ficou sem graça
aquele amor depois do abandono
Ficou sem dádivas
e o céu sem estrelas
desapareceu.
De certo foram dormir as estrelas
envergonhadas
Por que fui deixar-te?
Perdida neste morro aos poucos
só me resta o prazer da arte
prazer que dura pouco
se imagino-te a sofrer muito.