Pintura...

Como se fossem antigas lembraças
Minha memória declina diante de ti
Enquanto minh'alma se debruça solitária

Entretanto, contemplo teus olhos ainda, sob
O cair da tarde morna, entre o voejar livre das gaivotas
Assim, espalmo minhas mãos, ao pensar, num pouso solitário.

Pois na visão do meu olhar, vejo cenas de um poema
Portanto, navego com o teu sorriso, minha
Primeira pintura, talhada no arrebol

Ah, bendito sejas tu! Tão clamoroso na tarde triste!
Imagens tão dolentes aos meus desditosos olhos...
Que por ventura ainda maculam meu triste ser!


Partistes enfim... sem um aceno derradeiro
Nenhuma pegada na areia ficou. Somente minha lágrima
Escorrida, pela indiferença de um adeus!!


Obrigada poeta Paulo da Cruz, muito me honra com sua visita e interação!!



AFRESCO VITAL

Horizonte vital
       A despontar ante meus olhos
  Vida que me acena
                    Ininterruptamente
          Aos dinâmicos movimentos de suas cenas
                         A que nada se esconde
        A que tudo se revela
              
 Impossível não me espantar
    E com meus olhos eu rio     dou gargalhadas
        Às vezes choro       mas de alegria     júbilo
           Estaria eu louco?      Teria perdido o juízo?
       
 E contemplo o voejar das gaivotas
                  Como a me ensinar:
      A vida segue   e  estica  ao sabor dos ventos    para frente
               Eterno tempo
                        Não pode deambular para trás
             Será que não!
Já não disse alguém para Deus nada ser impossível?

                Das lembranças que em minh’alma residiram
                           Porém de lá jamais saem    não vão embora
            Do que eu amei
                     Ou melhor,  a quem eu amei, pois então ficaram
                         E assim, valeu a pena!
      Dos instante que passaram
        Mas       que pena?       Foi tão bom!
                               
                       Porém não ficarei enclausurado em meu passado
                     Não posso!
                                   Seria violar a vida
                         Ainda que não queira
    Contudo, o que me permite a vida ao meu mesquinho querer?
                              
  E então voam meus olhos
                        Até o fim de seu horizonte
           Em que a fraca luz do sol mergulha no mar
                           Amoroso momento  o qual esperou um dia inteiro
                      
           Ah, mas nefasta tentação de tudo comigo querer reter!
     A que pego entre as palmas de minhas mãos
               As espumas do oceano
      Eis, talvez, a causa de minha maior tristeza:
 A de querer tomar posse do tempo
            E tê-lo somente para mim
                 Não sei por quê!  Nem para quê!

Não, não vou mais cobiçar o que não é meu
                    É loucura!
        É insensatez!
                        É fraqueza!
               Então, vou seguir as gaivotas
                     E voar com elas     no curso do vento
            E chegar.... aonde ele bem quiser
                     Aonde ele bem entender
              Neste afresco vital

Poeta Paulo da Cruz, 27-1017

Abrigada poeta Trovador, das Alterosas, muito me honra com sua presença no meu cantinho!!

Carta ao amor

Um adeus seria tão triste, como à tarde sem você
imagino os dias alegres ouvindo o pio das gaivotas
A saudade me tortura, pede para voltar

Quis um destino cruel que me afastasse de você
Não tenho como fugir, pois, o dever me chamou,
Só restou atender o chamado da pátria e partir.

Essa missão numa guerra que eu jamais desejei
Esperando sobreviver e voltar e lhe pedir perdão
E lhe escrever poemas em vez de fugir da morte.

Assim este poeta sofre por dois motivos de medo
Um seria perder a vida o que talvez fosse melhor
Pois, assim não teria medo de perder  seu amor

Talvez até esteja na nossa praia me condenando
Só espero que receba essa carta e não chore
Pois, noutro canto do mundo choro por nós dois.

Trovador das Alterosas, 31-10-17