Ementa

Amanhã, acordarei depois do sol

Forrarei bem os meus pés

Com o edredom

Para que não sintam frio.

Meus olhos, deixarei com o visor

E, deitado de bruços,

Repousarei os pensamentos e as vontades...

Deixarei o meu peito leve E a alma dentro da caixinha.

Não farei planos nem lerei jornais

Deixarei a mente vazia e as mãos aquecidas.

Hoje não serei juiz nem advogado

Passarei esse legado para as borboletas e colibris

Que elas sejam justas e eles exemplos

E que as coisas ruins não sejam varridas

Para debaixo do assoalho.

Desejo que os pardais voltem a voar

Os beija-flores a espalhar o grão de pólen

E as andorinhas, pousadas nos bancos das praças,

cantem em duetos.

Acordarei depois do sol

Mas não abrirei o direito

De permanecer deitado.

Mesmo de olhos fechados

olharei profundamente para dentro de mim

Vasculharei os escombros mais sombrios

A procura de um grão de otimismo

Deixarei de ser arrogante

Sorrirei mais mesmo na ausência de motivos

Assim, talvez, a falta de compreensão de mim

Possa me deixar seguir

Em outras direções...