QUÃO CORPO ESCULTURAL
A Cigana beijou-me,
Pôs a mão em meu rosto.
Acalentou a saudade,
Abraçou-me no inverno.
Roubou meu coração!
Aventurado de desilusão,
Principiante e depressivo,
Amargurado, corrossivo,
Torrado... No inferno!
Ò, Cigana...
Por que fazes assim?
Por que me deixa sem ar?
Não consigo decifrar!
Quão escultural corpo belo...
Molhado de amor,
Exalando o tesão.
Quando vejo esse sorriso,
Deixa sabor, em mandarim,
Laranja toda à Costa,
No beiral, em Marfim.
Cigana...
Poeta meu silêncio,
Plantas o orquidário,
Congela todo horário,
Quando há vejo batucar.
Com tal, saia florida,
Macia, rosas, e fitas,
Rodada, rendas, e chitas.
Raspando caldeirão,
Socando o pilão,
Prepara todo arroz...
Serve almoço, logo depois,
Cozinhado na fogueira,
Queima lenhas, a lareira,
Espantando, ventos frios.
Ò Cigana... Musa Baiana!
Tire-me à escassez...
Inunda este barril.