Como um rei
Boa noite tio, boa noite irmão,
A voz insiste, não dei atenção,
Boa noite tio, boa noite meu irmão,
Resolvi escutar, ouvi com o coração,
Dá-me uns trocados, eu suplico, tenha compaixão.
A madrugada será fria.
Preciso de uma pinga,
Para enfrentar a minha solidão,
Por vaidade e imprudência,
O vício e a doença hoje são a minha condição,
O banco da praça é minha cama, as estrelas são meu teto,
Minhas companhias, minha ilusão,
Restam-me poucos dias, logo sairei dessa situação,
Mãos já me foram estendidas,
Mas forças eu não tive não.
Cumpro a minha sentença, logo na terra não estarei,
Tudo isso me foi dado, porque amar eu não sei,
Trai a mulher que me amava,
E que há muito me perdoava, entretanto,
Um dia ela se cansou, e a outro, seu amor entregou então.
De garanhão a traído, nessa hora eu desmoronei,
Agora não sou nada, em lixo me transformei,
Espero resignado, o meu prêmio receberei,
Morrerei abandonado, a um litro de pinga abraçado,
Cada gota eu sorverei.
Sei que não convenço mais,
Então deixo que o álcool derreta,
O meu cérebro e o meu coração,
Um coração que não soube amar
A quem sempre me tratou como um rei.