METADE

Apesar de não te ter todas as noites

Sinto teu calor a cada instante

Recordo nossos corpos entre açoites

Relembro o prazer em teu semblante

Apesar de não poder gritar seu nome

Me consome em silêncio nosso ardor

No banquete do teu corpo jaz minha fome

Te devoro em verso, prosa, carne e cor

Apesar de não poder te ter no colo

Mesmo te querendo a todo instante

Nas lembranças a teu lado me consolo

Apesar de teu perfume está distante

Apesar de não poder pular as horas

Os meus braços te esperam ansiosos

O meu corpo é abrigo onde moras

Resides por momentos preciosos

Apesar de não ser minha por inteiro

A parte que me cabe é só minha

Metade de um amor tão prisioneiro

Que entre dois corações se degladia.