Na timidez do seu silencio, eu espiava seus trejeitos.
Lábios pequenos, rosados ou rubros.
Variando com a emoção.
Olhar brejeiro, ora sensível ou sensual.
Submisso ao carinho ou à palavra mansa.
Quem sabe ao toque mais atrevido.
Meio traquinas, meio matreiro,
De um fingido “sem querer”.
Discretamente consentido e juro que pretendido.
Desde que na linguagem do amor.
 
Ah, como me lembro de seus “jeitos”.
Diante dos meus “sem jeito”, nas lides do namorar.
No abraço, deita a cabeça em meu peito.
Para um beijo, suaves caricias na face.
Viajar no sonho? Basta entrelaçar as mãos.
E deixar que o pensamento cavalgue as estrelas.
Em loucas disparadas pelos campos siderais.
Até o infinito da eternidade.
 
Ainda hoje eu espiava seus trejeitos.
Os mesmos lábios pequenos, menos rubros, mais rosados.
Com pequenos traços trincados, premidos pela emoção.
De consertar com carinho, aquela roupinha miúda.
De um neto mais “molecão”.
Permanecem firmes no tempo, aqueles seus mesmos “jeitos”.
Diante do meu “sem jeito”, nas lides do costurar.
 
Nada mudou, no entanto, na força do meu coração.
Que continua inteirinho, servil e apaixonado.
Dentro do seu coração.