MATA ESCURA

Boa noite, quantas vezes boa noite !

Noite escura, olho ao longe, nada vejo

somente mata a minha frente,

verde escuro, topo cinzento.

Lua, de quando em quando vejo-te linda

das frestas entre o arvoredo.

Penso, lembro, escuto e sinto,

o rosnar dos animais,

o chiar de répteis, de pássaros.

O vento sopra de setenta e cinco graus,

sinto o estalar que isto provoca nos verdes,

do raspar de um galho a outro.

A coruja sobrevoa o lugar,

faz-se silêncio .....

Como seria bom te querer, amar

ou simplesmente, te querer, isto bastaria.

Faz frio aqui fora, o vento sopra uivante,

amedronta um pouco.

Mulher deste coração, como é gostoso

recordar-te aos beijos, como este vento

aqui fora bravio, tocando meu corpo todo.

Quantos afagos trocamos na quentura dos corpos.

O frio, o corpo gelado, pensamento longe

a tua procura. A minha frente a mata.

Verde escuro, topo cinzento,

é noite, vento forte, continuo a pensar .....

Estes versos foram feitos, nas costas de uma caixinha de lanche -da Ceia da Madrugada - naquela época a gente ganhava umas caixinhas contendo um tipo qualquer de alimentação, depois da meia noite - em pleno mato cerrado, ao pé de uma Sonda de Perfuração de Petróleo, a SC-72 - no Oeste da Bahia, lá pelas bandas de Araças, tipo uns 50 kilômetros mato adentro, na década de 80.

tabayara sol e sul
Enviado por tabayara sol e sul em 19/08/2007
Código do texto: T614290