DEFESA
para ninguém me ajeitei
por ninguém me desconcertei,
(como quem nem sabe ficar parado!)
meus olhos não seguiram,
eu não quis ficar mais um pouco,
tampouco disse que amo
eu não peguei na mão,
aquele que beijou não era eu!
para ninguém dediquei insônia,
por nenhuma criatura eu chorei,
de ninguém afaguei-lhe as franquezas
nem a ninguém elogiei o cabelo
que suava quando dava.
ninguém me arrancou um beijo
nenhum laço ou nó surdo
por ninguém perdi o sentido
não perdi a mim mesmo por ninguém
ninguém acudiu minha agonia
de ser vivente, e que ama
meu drama notório ninguém aplaudiu
nem piada nem risada
nem saco de gargalhadas
nenhum holofote ruminou forte
nenhuma vontade de conviver aconteceu
nada ficou mais colorido
a ela não amei como mais que tudo
não prometi astros e cores
nem cartas, nem flores, nem likes, nem lakas
nem queixas tolas de ressaca