Um tema

Às vezes,escrever um poema

pode se tornar um dilema...

Mesmo quando temos um tema,

mesmo que hajam fonemas

que rimem até com metaxilema,

protofloema ou tatarema.

Por vezes,escrever um poema

pode ser um problema

quando não se sabe o que é bulbilogema,

sinema,xilema ou tipacoema.

Para ajudar no meu tema,

telefonei pra Jurema.

Ela sabe tudo de diademas,

alfazemas e emblemas.

Talvez me ajude nos emas..

Tomamos um chope em Ipanema.

Ela falou-me dos neofonemas estranhos

que tomei como tema para este poema.

Primeiro falou-me de panema,

do sol e do sal de Saquarema;

falou-me das flores,dos pássaros,da seriema...

Falou-me também de outros sistemas

no esquema de:eczemas,enfizemas,edemas e eritemas.

Falou-me tanto de emas

que pensei até em paquerar...

Na verdade,parequema

— Um lapso,somente,do fonema —

E Jurema,numa cortesia extrema,

falou-me das mulheres em ema.

Não esqueceu a própria Ema,a Noema,

e,com ciúmes,até a Moema...

Mas logo mudou de estratagema

e encerrou os emas femininos do tema.

Achou que eu estava num trilema

e resolveu aumentar o universo do tema

falando-me do subsistema das enas.

Assim,colocou em cena,numa cantilena

dezenas de verbenas e açucenas...

Não demorou e voltou ao velho tema:

os complicados emas,sua especialidade,

como miolema,Jurupema,

pindacuema e,até Jurema,

que agora já não sei

se é árvore,mulher ou tema.

Não entendi mais nada,Jurema!

Por isso rimei logo com ema,

no mais belo dos emas,

para encerrar o poema:Jurema...