Limerência, Desejo & Eroscídio
Alguns preferem amar as pedras da calçada,
Guarda-las nos bolsos e vê-las afundar.
Mergulhar o amor no mar de naufrágio,
Inundar-se de sentimento nenhum -
Arrefecer.
Outros amam-nos o suficiente para depois ir.
Fazem uma maratona de viagens curtas,
Na esperança de evitar uma despedida
Que lhes consuma seu não-amor -
Amar dói.
Há quem ouse fingir nunca tê-lo amado.
Alegando reciprocidade num teatro sincero
Cujo palco se ilumina à nova estrela,
Mas não seduz a alcateia do amor passado -
A lua ainda é a mesma.
Ai daqueles que amam além do amor...
Inventam pra si angústia que nunca viram;
Colorindo os corpos, tecendo os lençóis,
Ensejando conhecer a princesa da noite seguinte -
Ao acordar não haverá sonho.
Por fim, há um amor de que não fiz menção.
Dos quais intrépidos e foracluídos de cautela,
Afligem-se quando nela firmaram o alcovite.
A megera paixão irreconciliável e hostil -
Amor-morte.
Perguntar-me-ão, a qual amor pertenço?
Qual das certezas românticas garantirá-me
O descanso nos braços do outro?
Antes amar que amordaçar-me, direis -
Ágape ilusória.
Limerência, Desejo & Eroscídio - Hernán I de Ariscadian