Limerência, Desejo & Eroscídio

Alguns preferem amar as pedras da calçada,

Guarda-las nos bolsos e vê-las afundar.

Mergulhar o amor no mar de naufrágio,

Inundar-se de sentimento nenhum -

Arrefecer.

Outros amam-nos o suficiente para depois ir.

Fazem uma maratona de viagens curtas,

Na esperança de evitar uma despedida

Que lhes consuma seu não-amor -

Amar dói.

Há quem ouse fingir nunca tê-lo amado.

Alegando reciprocidade num teatro sincero

Cujo palco se ilumina à nova estrela,

Mas não seduz a alcateia do amor passado -

A lua ainda é a mesma.

Ai daqueles que amam além do amor...

Inventam pra si angústia que nunca viram;

Colorindo os corpos, tecendo os lençóis,

Ensejando conhecer a princesa da noite seguinte -

Ao acordar não haverá sonho.

Por fim, há um amor de que não fiz menção.

Dos quais intrépidos e foracluídos de cautela,

Afligem-se quando nela firmaram o alcovite.

A megera paixão irreconciliável e hostil -

Amor-morte.

Perguntar-me-ão, a qual amor pertenço?

Qual das certezas românticas garantirá-me

O descanso nos braços do outro?

Antes amar que amordaçar-me, direis -

Ágape ilusória.

Limerência, Desejo & Eroscídio - Hernán I de Ariscadian

Hernán I de Ariscadian
Enviado por Hernán I de Ariscadian em 02/10/2017
Reeditado em 19/11/2017
Código do texto: T6131445
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