Abismo...

Assim, como ondas abismais...
Em queda livre, entreguei meu corpo, cansado 
E solitário, pois ansiei a plena
Liberdade. Assim enclausurei-me na escuridão.
Quando  vi meus sonhos morrendo
E senti  o frio, que congelava minh'alma,
Pois, na imensa tortura, perdi o dom de amar.
Hoje, como um trapo velho, mergulhada no  nada...
No abismo, onde matei o meu riso,
No vazio amargo das desilusões...
E vi o meu pranto rolar...
Distante... ouvi o eco do meu  grito,
Quando deparei-me com uma  sombra,
Ou seria eu? Traida impiedosamente...
Agora vago ao léu...
Refletida no espelho do tempo

Grande Poeta Gilberto Oliveira! obrigada poeta pelo carinho e amizade sempre. Que  brilho você deixou na minha página

ÀS SOMBRAS DO ABISMO

Abismado demais com tais abismos de mim...
Tão profundos à medida dos altos penhascos,
Não mais entendo, quais foram meus fiascos.
Friamente vejo-me no espelho tal qual Caim!

Porém, ao riso explodimos qualquer abismo...
Que seja abismo, área nobre aos traidores,
Até subterfúgio pra impróprios imperadores
Onde cada um se lambuza ao próprio cinismo.

Jamais o poeta no platô das cousas abissais
Apesar da labuta nesta dureza da vida...
Remando seu barquinho por mares tão banais.

Ora! vive-se toda vida nessa verve atrevida
Nos assombros às sombras das cucas cabais
Longe de casa e das tolas aves comovidas!

Ah, Mardielli! Cheguei bagunçando vosso abismo, enfim quem é que não tem algum abismus enquanto sai algo do juízo nesses poetizares in-vida? Rsrss... Poema pra cutucar o juízo de quem deveras juízo inda tem, beleza pura! Um belo final de

Gilberto Oliveira, 01-10-17

Poeta Paulo da Cruz, sua presença aqui no meu cantinho será sempre uma honra!! Obrigada pe4lo carinho


FUGINDO DO ABISMO

Viva imagem minha a que se insere na mística do tempo
A que neste breve instante navego... à deriva da vida
De minha vida
Ou estaria eu a ilusoriamente a me enganar
Na doce perfídia de mim mesmo?
Oh, como eu tanto me ludibrio!
Pelas fantasias em nelas me crio e creio
E quão digno de pena sou eu!

E no caminho em que sigo
A que machuco meus ouvidos pelos bramidos de minh’alma
E destarte minhas amargas lágrimas descem
Quem sabe a, talvez, regar os penosos solos onde passo
A que, pois me deparo diante de todo o vazio... de toda frivolidade
Seria do mundo por mim crido?
Em que nele me entrego qual inocente gazela à sua preza
Seria de mim próprio?

E eis que agora preso estou em meu nada
Do tudo que outrora era então minha vida
E lanço-me no abismo deste esotérico e obscuro penhasco
A que me entrego sem receio... sem medo
Seria coragem?
Seria covardia?

Como são tristes àqueles que já não podem agora amar
E será que algum dia na vida, pois amaram?
Ou apenas nela passaram?
E se foram?

Na febre a que dilacera impiedosamente su’almas
A que também, pois deixaram debandar todos os seus sonhos
A que permitiram de suas vidas fugir todos seus amores

Todavia, também deste modo sou eu
Em minha totalidade
Onde dos outros não me separo
Até porque os outros também sou eu...

E agonizada se encontra o que achava ser felicidade
Teria sido melhor?
Da falsa e nociva ideia a que tanto me prendia
E em que nela, com afinco me enclausurava
A que recusava tanto em sair... escapar...

Todavia, agora já nela não mais a vida eu oferto
Que bom!
E liberta eis neste momento minh’alma
A que levita ao mais alto dos céus
A que “pula para cima”... e voa... e voa... e voa...
Do abismo em que por tanto tempo ela estivera...

 Paulo da Cruz em 03/10/2017

Poeta Paulo da Cruz, mais uma vez obrigada pelo imenso carinho, grande poeta!! É sempre uma honra, obrigada sempre 


Grande poeta , obrigada mais uma vez pela linda interação que brilhou na minha página!! 

Um dia fui... escura mata virgem Cujos olhos meus fechados então estavam Na transparente solidão de meu nada E assim, pois navegava... sem motivos... sem razões! Melhor assim! A que ainda paira... esta minha essência Nos devaneios de meus pensamentos e desejos em que me lanço E neles me prendo... me laço Todavia estacionado... não fico De ir para frente? Não resisto Nunca E eis porque então sigo... prossigo E tenho pressa E degusto com prazer ? ou não - de tudo ao meu paladar Doces ou amargos... salgados ou insossos Mas... para quê discriminar... escolher... preferir?... Desta vida, que, às vezes, nem nos deixa escolhas... E temos que aceitar... querendo ou não! Inebrio-me pelo doce aroma das flores Neste mágico instante em que de tudo me esqueço Mística do momento! Tão raro este ponto! A que faço calar de vez meu coração A que agora... sossegado e em paz se silencia... de tudo Seria o céu? Seria o nirvana? Seria, na verdade, a morte? Ou não seria nada do que então nomeamos... rotulamos... batizamos? Ah, essa maldita mania de querer dar nome a tudo E impedir de contemplar sua real forma! Tal como Adão diante de tudo no paraíso.. que mais tarde perdera! Contudo, como estou limpo... de tudo! Ah, bendita nudez d?alma! A mais linda de todas A mais libertadora Talvez, quem sabe, fascinamos com a nudez física A que, em verdade, seria somente imagem da espiritual nudeza Sutil, porém, verdadeira e bela Mas que não sabemos... E, por isso, confundimos... E trocamos as "coisas"... Oxalá um dia todos se despertem! E o que sou? Talvez, no tempo, um vivo pedaço do infinito... do Eterno Em que nele mergulho Em que nele me dissolvo... e me perco... e me encontro... Para jamais outra vez me perder... Belos versos, talentosa poetisa. Estes meus são apenas um complemento do texto anterior "Abismo...". Um grande abraço.

Poeta Paulo da Cruz, 07-10-17