EMPALIDECER DA ALMA
A vida chega-nos radiante e bela,
como uma linda manhã de primavera.
O tempo, porém, começa a correr,
desde o primeiro momento em que nos vê.
Nossos caminhos vão se afunilando.
Os braços flácidos, cansados e sem forças,
já quase não se movem mais.
As pernas sem resistências
não conseguem mais conter
o peso do corpo que vai se entregando,
dia após dia, aos braços amáveis,
que o vem amparar e confortá-lo.
O tempo continua seu trajeto,
agora talvez mais breve que antes,
sem nos dar uma oportunidade sequer
de um dia poder abraçá-la.
A vida vai aos poucos se retirando
do corpo cansado de caminhar em vão
pelas longas estradas da vida.
Enquanto a alma empalidecida,
já quase se entregando sem sorte,
não teme mais a amiga morte,
pois morremos sempre um pouquinho
a cada dia que se esconde atrás dos montes.
Assim, em um último momento a vida,
já sem chance de encontrar uma saída,
entrega-se inerme e sóbria,
dentro de um escuro terno
aos braços longos e eternos
da morte que a espera sem tormenta
desde o dia em que a viu nascer.
Nova Serrana (MG), 10 de setembro de 2007.