EMPALIDECER DA ALMA

A vida chega-nos radiante e bela,

como uma linda manhã de primavera.

O tempo, porém, começa a correr,

desde o primeiro momento em que nos vê.

Nossos caminhos vão se afunilando.

Os braços flácidos, cansados e sem forças,

já quase não se movem mais.

As pernas sem resistências

não conseguem mais conter

o peso do corpo que vai se entregando,

dia após dia, aos braços amáveis,

que o vem amparar e confortá-lo.

O tempo continua seu trajeto,

agora talvez mais breve que antes,

sem nos dar uma oportunidade sequer

de um dia poder abraçá-la.

A vida vai aos poucos se retirando

do corpo cansado de caminhar em vão

pelas longas estradas da vida.

Enquanto a alma empalidecida,

já quase se entregando sem sorte,

não teme mais a amiga morte,

pois morremos sempre um pouquinho

a cada dia que se esconde atrás dos montes.

Assim, em um último momento a vida,

já sem chance de encontrar uma saída,

entrega-se inerme e sóbria,

dentro de um escuro terno

aos braços longos e eternos

da morte que a espera sem tormenta

desde o dia em que a viu nascer.

Nova Serrana (MG), 10 de setembro de 2007.

Tadeu Lobo
Enviado por Tadeu Lobo em 29/09/2017
Código do texto: T6128192
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