A ROSA
A rosa quando se desabrocha tem um
perfume sem igual. Sua cor firme, aveludada
e encantada, faz com que todos a admirem
querendo apanhar-lhe.
Mas o tempo passa sem nem ao menos pedir
licença...
E, dia após dia vai roubando-lhe todo seu
encanto e perfume; até que, sem que
ninguém perceba, o vento sopra sobre ela,
fazendo com que a mesma se despetala e no
chão cai mutilada sem vida, e sem serventia
alguma.
Assim como a rosa, é também a mulher;
cobiçada por tantos e amada por poucos.
Tantos passam em sua vida, abraçando-a e
sugando-lhe os beijos da menina moça, mas
poucos são os que a querem com um amor
puro e verdadeiro, capaz de lhe
proporcionar uma felicidade sem fim e sem limites para
sonhar e amar.
E assim também, da mesma forma, o tempo
foi passando sem pedir licença, roubando da
menina moça, toda sua performance, toda a
sua juventude, beleza, graça, ânimo e
vitalidade, até que um dia assim como o
vento, que sopra sobre a rosa, lhe sopra
como uma brisa os cabelos já grisalhos e a
face amarrotada pelos anos indecisos que
ficaram para trás.
Tudo acabado, tudo perdido, sonhos
desfeitos e lamentos após lamentos, foi só o
que restou de uma jovem, que antes tivera
todas as oportunidades de ser feliz de
verdade e as jogou ao vento, com esperança
de que dias melhores viriam bater á sua
porta. É o fim, por assim dizer, pois a rosa
quando murcha, se despetala, perdendo
assim o perfume, a cor, o aveludado e a
graciosidade, e ninguém mais a quer.
E sem que ninguém perceba, o vento sopra
sobre a rosa, fazendo com que a mesma se desfaça
e no chão caía mutilada, sem vida e sem
serventia alguma.
Nova Serrana (MG), 22 de julho de 1988.