A IMAGEM DE TI

Fiquei te olhando, por um longo tempo,
Corrias franzida, e preocupada,
Sofrias calada, e nada dizias.

No espelho te olhavas e penteavas,
O cabelo mais ralo, de brancas raizes,
Passavas os dedos, no rosto e alisavas,
A pele já seca, tentando esticá-la...

Olhavas teus olhos, já meio sem brilho,
Mais apertados, pra bem enxergares,
Vi o teu choro, em frente ao roupeiro,
Perguntando sozinha e só para ti,
Se aquela blusinha, que tanto gostavas,
Ainda iria, em teu corpo servir…

Olhavas as mãos, que antes lisinhas,
Agora marcadas, por manchas e rugas,
Tu já não sabias, se ainda eram tuas...

Vi a tristeza, em teus olhos, sentada,
À mesa da sala, olhando a comida,
Tão farta e gostosa, agora servida,
Pensando nos quilos, à mais que daria,
No corpo cansado e agora pesado.

Então te olhando, emoções eu senti,
Mulher de quarenta, sessenta ou oitenta
Não sofras por isso, eu nunca te vi
Apenas um corpo, te vi por inteiro.

Senti tua alma, em tempos distantes,
Pra mim a mais bela, mulher que existia
Amei o que dentro, tu sempre guardou,
Te amo até hoje e por mais que o tempo,
Mude o teu corpo, jamais mudará, 
O amor que eu tenho, a cada momento,
Por ti, a mulher, que és ou serás...
Claudio Spiazzi
Enviado por Claudio Spiazzi em 22/09/2017
Código do texto: T6122071
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