COMO OUSA?
*COMO OUSA?*
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Como ousa o dia renegar a luz,
Como ousa a noite abster-se da penumbra que os separa, sol e lua!
Como ousa o sol afastar-se do seu brilho por falta de ternura,
entristecer a lua, fazer-lhe tão escura
Tanto quanto minha alma nesta rua da amargura,
Onde tudo se nega e renega,
Onde até o amor, os olhos da vida, vive as cegas.
Como ousa a língua distorcer as palavras mais doces,
E quem tanto ama, ouvir dela as mil e uma formas de dizer que odeio-te?
Como ousa a vida deixar de ser vida?
Porque tão somente, quem ama perdeu a vontade de amar!
Como ousa os pássaros cantarem morte pela matina, não haver mais discernimento entre a noite e o dia,
como ousa uma palavra matar os poetas e os seus poemas perderem poesia?
Como ousa!?
Como ousa!?
Como ousa!!!
Como ousa amar-me com tanto ódio?
E em tão pouco tempo, escequer o tanto que juntos vivemos!
Como ousa matar em nós o mundo que juntos criamos em nossos corações, como ousa?
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Mauro José da Silva
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*OUSEI*
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Era gente até conhecer-te,
amei um homem que com tempo foi revelando-se um semi-deus!
Se Deus é amor, satanás o mal que paira neste mundo, este homem, semi-deus era o ego!
Mais dono da razão do que do meu coração!
Um visionário para o mundo e cego para o meu amor.
Suportei a dor da sua ausência em tanta presença até onde os meus sentimentos puderam comigo suportar!
Na distância, pude convencer os meus pensamentos que eram capazes de co-existir sem ele estar!
Então daí, ousei a tornar-me na lucifer que destruiu o mundo que com ele construí, houve dilúvio em meus olhos, cheia nas minhas almofadas, neblina nos meus sentimentos e no solo do meu amor por ele houve terramoto, o meu céu que habitava em nossos beijos deixou de existir!
A tempestade passou, então orei! Não ousei a tornar-me Deus para reconstruir o mundo que hoje muito bem vivo sem ele.
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Adilson Sozinho