DELÍRIOS DE UM POETA BÊBADO
Quando nos vapores da bebida adormeço
Deixando que este corpo sofrido
Desabe sobre as calçadas da vida
Em uma esquina qualquer
De qualquer lugar
Na sarjeta de um bar,
Nas trevas do meu sono
Um fantasma do passado
Curva-se sobre meu corpo desfalecido
E agarrando-se as minhas lembranças
Como louco gargalha chora.
Quem é essa pobre visão
Que desperdiça suas lágrimas
Em gemidos tão aflitos
Por tão miserável cão?!
Será um anjo caído
Ou quem sabe uma mulher?!
Será que é um demônio qualquer
A quem eu possa sem medo
Estender minha mão
Chamando-o de irmão?!
Visão! Fatal visão!!
Porque derramas sobre esse corpo apodrecido
Essas derradeiras palavras balbuciadas entre soluços
Como se fossem as últimas que escuto?
E porque do fundo do seu coração
Saem tão doloridos gemidos
Para abraçarem meus suspiros
Caindo juntos por sobre a lama
Que escorre pelo chão?
O que falas?!
O que dizes?!
Sua voz!?... Essa voz...
Eu sei que já ouvi!
Já foi um hino de amor!
Já foi um grito de dor!!
Mas agora... O que é?
Talvez seja minha.
Dessa vez eu tive sorte!
Antes que eu descobrisse a verdade
O dia amanheceu
Acabou a fantasia,
E a morte não veio...
Então acordei contrariado
E fui pra casa
Escrever outra poesia.
PROFESSOR;ABNER BUENO