Folhas Rasgadas
Queria que as estrelas do céu
fossem substituídas pelas marcas
dos teus lábios manchados de batom
quando me beijava.
Queria que toda água azul do oceano esvaziasse pra dentro do meu poço de devaneios solitários.
Queria que todo o verde da natureza embelezasse as paredes da minha caixa-quadrada de inspirações poéticas chamada: quarto.
Não me importaria de escrever diariamente um poeminha singelo em folhas rasgadas, enrolando-os em pedrinhas retiradas do fundo do riacho de Oxum e jogá-los em direção à tua janela em noites de lua cheia.
E que toda tua beleza afável se lambuzasse com o nectáreo das minhas palavras afetuosas e virassem uma só história nossa.
Poderíamos assim ser lembrados por milhares de anos igual "Romeu e Julieta"- através do nosso conto lírico de ternura.
Mas, que não seja um lírico trágico.
Que seja uma intensidade de versos sólidos para que ninguém escave os nossos sonhos.
Sonhos aprisionados perpetuamente ao longo de toda a nossa eternidade.