ARDENDO E CONGELANDO

Corre, corre com o vento, corre enquanto sustentam as próprias pernas,

Para que não seja um eco sem voz de retorno, apenas lembranças e ilusões,

Porque todos caíram antes dessa chegada, que já pensamos em recuar,

Mas é tão verdade que quero continuar, sem me importar com joelhos avariados,

E se esvair o sangue, explodindo e saltando à pele, não é isso que faz o coração?

Em volta vendavais, e mesmo com o ar bagunçando o cabelo às vezes lutamos para respirar,

Mas a brisa chega fraca e quente ao pulmão, que não reclama, apenas respira.

Então o mar joga suas ondas, então o sol derrama seus raios,

E eu corro, mais um dia querendo devastar essas vontades,

Eu corro no vento e queimo por fora e por dentro,

É tão visível e sem definição, eu durmo nessa loucura ou a loucura dorme em mim?

Estou possuído de mim mesmo, a fera ruge para espantar os perigos,

Mas também treme em seus pesadelos de um dia a flor murchar,

Corre, segura em minha mão e venha com passos de quem sabe marchar,

Talvez eu esteja ardendo, talvez eu esteja congelando,

Há um tumulto em mim, mas eu só vejo você,

Mas ainda sinto as minhas próprias pernas,

E não importa o que ocorre com as margens do meu corpo,

Se eu estiver em chamas, se eu estiver em um dilúvio,

Eu quero correr em sua direção.