OLHANDO PARA O NADA
Olho para o nada
em busca de quê?
Se no meio deste nada
não encontro mais você.
No vão que vejo
imagino nossos momentos
de fortes abraços e beijos
que não me saem do pensamento.
À minha frente, tudo é vago,
sem vida e sem valor,
pois neste mundo tão amargo
já não tenho o seu amor.
Olho o caminho sem-fim,
que caminharei sozinho
sem você perto de mim
e a sangrar os pés nos espinhos.
Quero ver algo diferente.
O sol ou flores perfumadas.
Mas o que tenho à minha frente
se não um infinito nada?
Que você me deixou
como uma triste lembrança
de um sonho que desmoronou
sobre meus ideais e esperanças.
Belo Horizonte (MG), 26 de abril de 1986.