DOS VENDAVAIS E DAS FOLHAS SECAS

O vento era tormento que bagunçava a alma,

E as folhas secas varridas, lambiam o chão em sua valsa,

O pó entrava pelas narinas e sufocava a respiração,

Aroma das folhas marrons que se desmanchavam ao apodrecer,

Eram as velhas folhas no chão...

A garganta em sua sequidão buscava na água do choro se hidratar,

Mas o sal ardia e queimava, e o vendaval não parava,

E a garganta mais ainda secava...

Os ventos uivavam enquanto a alma seguia gemendo,

E a dança das folhas secas pareciam a bagunça daqueles pensamentos,

Tão logo as nuvens começaram a repousar sobre a terra,

O nevoeiro embargava a visão com sua melancolia,

O bicho devorava a si mesmo de dentro para fora,

A chuva pesava as folhas fazendo-as grudar naquele lamaçal,

A pele tremia no frio da solidão, à margem do rio que se enfurecia,

As águas transbordavam com sofreguidão em suas correntezas,

E por dentro uma febre que queimava feito um fogo morto,

Ele se fazia erupção e em sua lava ia cauterizando as feridas,

Até que o tormento se fez silêncio, calando o que gritava nas ausências de seu olhar,

Ali ele respirou enquanto a brisa prolatava docemente seus sussurros,

Na calmaria após longas tempestades, a luz difundida entre as folhas,

Assim era ele, que conduzido pelos vendavais,

Sufocado nas próprias tempestades,

Perdido nas folhas secas de cada pensamento,

Naquele amanhã sentiu a leve brisa de sua respiração,

Contemplando a paz na luz do seu olhar,

E aos seus braços descansou das antigas desventuras,

Tornando perdida as mazelas de uma amargurada alma,

Sentindo a calmaria nas batidas do seu coração,

Entregando os lábios aos doces de seus beijos.