PRIMEIRO VERSO, PRIMEIRO OLHAR
Desde o primeiro dia
Em que neste mundo enfadonho
Os meus olhos se abriram
Para que eu pudesse enxergar
Uma lágrima silenciosa
Ofuscando-se no brilho
Do meu primeiro olhar
Bem mais que depressa
No cantinho dos meus olhos
Tentou se ocultar.
E ali dependurada,
Enquanto lutava desesperada
No precipício já quase a cair!
Cansou-se de tanto sofrer
E em um último repente
Reuniu as derradeiras forças
e agarrando-se com unhas e dentes
À menina dos meus olhos
Começou a sorrir.
E antes que eu percebesse
Um milagre aconteceu!
Com muito carinho
Um verso bem pequenino
Assim; desse tamanhinho
Nos meus olhos escreveu.
E depois daquele verso,
Como se com sua sorte
Ela tivesse se conformado!
Quando eu fui piscar
Abriu os frágeis braços
E abraçando a morte
Soltou-se no abismo
Como louca a gargalhar.
E agora preciso confessar:
Desde aquele instante
Nunca mais fui o mesmo!
Transformando-me em poeta
A poesia se fez minha amante
E por aquela lágrima suicida
A cada momento!! a cada instante!!!
Pelo mundo a esmo
Tenho vagado a procurar.