OUTROS OLHOS

OUTROS OLHOS

Moram em mim

outros olhos que me vêem.

Neles existo e não me enxergo.

Tenho os olhos de um animal,

arisco e selvagem.

Farejo minhas vontades,

sacio minha sede

nos rios que correm em outros corpos.

Todos únicos sem serem um;

verdadeiros sem serem reais.

Tenho os olhos do pecado que não existe,

e escorrem por eles

lágrimas do sangue da minha culpa.

Tenho os olhos de versos.

Olhos de alma

que mostram meu coração de vidro,

tão pequeno e frágil,

que brilha e lacera em meu peito

inúmeras feridas

da onde brotam palavras vazias,

palavras vãs,

que eu nunca conseguirei entender.

AD.

Interação e Narração: Luiz Coimbra Mendes