FADA DA MINHA VIDA (In memorian)

Tudo se vai, consomem-se pegadas na areia

Passos dados, blefes da vida, feridas abertas

Flertamos com paisagens farfalhantes e folhas esvoaçantes

Bolhas frágeis de sabão que sem direção o vento espoca

Escolhas e látegos, excessos que ficaram salpicadas pra trás

Paisagens frias, anjos sonolentos góticos e marmóreos...

Corpos se modelando junto à empírica pedra tumular

Somos todos viajantes destes instantes que passam

Juntos as esquinas que um dia quiçá

Já não mais víramos e nem mais viramos

Pois que não saberemos de qual lado vamos estar

Onde estou? Delírios paranoides, ser, estar, prisão domiciliar...

De onde vim? Rastejamos como lesmas sem direção

O que importa se as portas rangem

E os frágeis dentes nossos sorrisos tristes embalam...

Lá se vão os sonhos interrompidos como uma canção de despedida

Vidas embalsamadas e na pele sequer minha digital encarnada

Sinaliza o farol guia na moldura empalhada da noite escura

Sutura a minha dor com sua ausência encarcerada

Teu riso silencia translucida e transparente teus sinais persecutórios

Dança na mente a musica cósmica que só tu escuta

A cicuta em breve já te levará envolta nas esvoaçantes

Peles das moiras que tecem o fio da tua vida prestes a corta-la...

A musica das esferas gira em minhas saudades oitavadas

Se vocês sentissem minha amada como a sinto

Talvez percebessem que o sorriso dela envolto em mim

É o sol vivente que ilumina meu ser com aroma de absinto

E que agora através de sua luminosidade incontida de bailarina

Posso senti-la viva e pulsante junto às brechas de neon da cortina

Sua luz viajora pousando de leve como as asas de uma fada

Rodopia macia no céu de meu pensamento ladrilhado

Como cacos de espelhos espalhados que tento juntar

Usando as massinhas de modelar de meus neurônios alemães

Baila e quando deitares ao meu lado em deletéria outonal

Não se esqueça de acender a luz faiscante das estrelas constelações

Não haverá nunca mais escuridão neste sagrado chão em que pisastes

Já que terás a eternidade de meu amor antes mesmo de acendê-las...

Ah! E o que é a brevidade da vida se a amortizamos amando

A alma cicatriza quando a terra enraíza suas lembranças em flor

Então dancemos todos os fugazes momentos eternos que é viver

Como quem nunca morre e jamais morrerá de amor...

A flor não morre e nunca sucumbiu

Retorna em ressuscitações sempre

Pois então, que seja eterno nosso amor em toda estação primaveril....

Jasper Carvalho
Enviado por Jasper Carvalho em 23/08/2017
Código do texto: T6092666
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