A SUA MÃO
Hoje, eu pude a sua mão pegar,
e mais uma vez sentir o palpitar
deste triste coração
que até então vivera sem razão.
Pela primeira vez eu peguei
a mãozinha, que eu ainda não afaguei,
talvez por medo de repreensão
ou por supor outro em seu coração.
Não sei como aconteceu,
mas ali estávamos, você e eu.
Eu a olhava,
não atento ao que você falava
Foi tudo tão corrido,
mas cheio de sentido.
Que eu até agora
ouço suas palavras daquela hora.
Você me engrandecia
pela serenata de outro dia;
apesar do tempo pequeno,
pude contemplar seu olhar sereno.
E vi nestes olhos solitários
o reflexo dos amores lendários.
Quisera eu ser Sansão
pra ganhar seu coração.
Ou quem sabe, Romeu,
pra morrer nos braços seus.
Mas não sou Romeu nem Sansão
e, sim, aquele que hoje pegou na sua mão.
E sentiu pulsar dentro do peito
este coração que não tem jeito.
Luz (MG),12 de maio de 1983.