DE QUE VALE?
De que vale viver esta vida,
que corre lenta, feito o sangue da ferida?
O pote foi bruscamente quebrado,
e já não há meios de ser restaurado.
A roseira com o tempo secou
e só os espinhos foi o que restou.
De que adianta correr atrás da sorte,
se o fim de tudo é só mesmo a morte?
Para que um sorriso falso de alegria,
se a minha alma não está em euforia?
De que vale um suspiro de saudade,
por um amor que sempre foi de falsidade?
O copo foi tirado da minha mão,
e a bebida derramou-se no chão.
As lágrimas banharam o meu rosto,
e de tudo, só me resta o desgosto.
O tempo vai passando lentamente,
e a minha alma vai morrendo
desesperadamente.
Tento gritar por alguém distante,
mas meu coração me impede neste instante.
Sinto uma forte dor dentro do peito,
pois viver já não há mais jeito.
E o que me resta de tudo que tentei,
é só mesmo a morte que eu ainda não
pensei.
A saudade de você vem a mim, e me
transforma,
O tempo passado, tudo acaba e se deforma.
Assim um dia eu serei simplesmente um pó,
Assim como hoje, eu sou simplesmente um só.
Nova Serrana (MG), 12 de novembro de 1982.