COMBALIDO CORAÇÃO
Rasguei-me inteiro, e do avesso eu senti esvair-me ao nada,
Eram os pensamentos subindo em vapor fugaz,
Queimei os dedos nos olhos dos mudos que não sabiam ouvir,
Em seus espelhos superestimavam a si mesmos,
E eu com a pele rosada pela cólera,
Abafava meus gritos, transformava-os em gemidos,
Me escondia sob pó que cobria o chão,
E eles que caminhavam desordenados,
Pisoteavam sem saber,
Que um corpo ali padecia.
Levantei-me juntando os pedaços que o solo amparou,
A grama absorvia o sangue e ficava mais verde,
Rosas de pétalas vermelhas nasceram sobre o sangue carmesim,
Dos retalhos que sobraram sobre a pele,
Fiz meu manto, para dançar sob a luz,
A loucura era minha canção, o desespero meu ritmo,
Dançava escondido, certo de que o vento seria o mesmo até o fim,
Turvava os pensamentos, para não os ver desejando que houvesse alguém como você,
Mas agora você está aqui, e a rosa colheu para sentir seu cheiro,
E os ventos me disseram que você é dono deste combalido coração.