AQUÁRIO

Constantemente por um fio,

Oh vida que sopra feito navalhas,

Mãos que intentam construir castelos,

Disfarçando a alma em ruinas,

Meu espelho por que tentas esconder,

O que os olhos vomitam em silêncio?

Vejo diante de ti o oceano que me espera,

Mas eu em meu aquário canto para chamar sua atenção,

Mestre dos meus desejos que o mundo não conheceu,

Liberta o lado da minha alma que suportou aos infortúnios,

Para colar em sua pele feito tatuagem,

Todo amor pelo tempo reprimido,

Que de tanto suprimido, inflamou até explodir.

Quero ouvir seus sussurros aquecendo minha pele,

Destruindo o silêncio da noite,

Meu espelho diz-me que estou à procura de perigo,

E que do outro lado do aquário a correnteza é voraz,

Me carrega nos braços de suas correntes,

Me faz balançar nas vias da liberdade,

Em meu aquário cantarei essa noite,

E ensaiarei o mergulho no seu mar,

Minha tentação, meu paraíso.

Constantemente por um fio,

Do outro lado das paredes do aquário,

Vem, libera a água para que feito enxurrada liberte-se o beijo,

Destroça os vidros do aquário, com a força do bem querer,

Faz-me secar no molhado e nadar no seco,

Corre das teorias e explicações,

Pois te desejo feito o medo que assusta uma criança,

Não é coerente, tampouco habita em definições,

Apenas afie as lâminas de seus lábios,

E corte as flores do mal que saem da minha boca,

Esconde-me de minha sombra, faz minha pele arder em seu calor,

Acredite em mim, me liberta das águas deste aquário,

Eu quero infundir sob sua pele e me perder em você.

Leonardo Guimarães Rosa
Enviado por Leonardo Guimarães Rosa em 15/08/2017
Código do texto: T6085020
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