Essa menina

Na rua acariciando o vento

uma mulher e sua voz

a cantar um verso

exibindo um sorriso puro

inocente de tão iluminado

abraça o tempo

contendo-o em seus braços.

O espaço em torno dela

se dobra como um lenço

e me alcança perfumado

como um alívio

em cuja fragrância

dança a poesia.

Essa menina não seria menos bela

se não fosse o meu amor

nem menos rica

mas, na minha vontade

e numa prece

a vela subverte a física

os desejos do vento

e segue o seu pensamento

que norteia o barco.

E se atraca num continente

que não o meu

choro por dentro, entendo

saio de cena

delineio argumento pueril

invento que não me importo

bandeio-me para o silêncio, sutil

para nunca deixar de lhe amar.