Eu sou o amor, o homem eu ela...
Ele estava na janela vendo-lha
Passar, ele se encantou com a sua
Formosura: "Era bela como a
Primavera plena, branca como as
Nuvens do Céu que azula os seus olhos,
De loiros cabelos e de corpo promíscuo!
Um pecado dos anjos!" Ele queria
Dizer a ela o seu amor, mas ela
Foi-se para jamais voltar! "Se és
Bela, linda mulher," disse ele,
"Que o teu encanto traga-te de
Volta!" Dizia ele à noite pela
Janela! Dois anos se passaram e
Ela voltou: "Eis o meu anjo!" Disse,
Mas ela estava com uma criança no
Colo e grávida de outro! Ele repe-
Liu o ciúme e saiu, desceu as escadas,
Chegou à praça onde ela entrava
Num carro, mas ele chegou a
Tempo de ver seus olhos! Ele disse:
"O tempo roubou-te de mim duas
Vezes; na primeira foi dois anos,
Já na segunda foi para sempre!"
Ele retornou à esperança da janela
Aberta, cinco dias depois, soube
No jornal que ela era mulher de um rico
Nobre local e que morrera no parto
Do seu segundo filho! "Era um poema:"
Eu sei a cada minuto que passei
Que jamais tive o meu amor,
Tive a esperança que eu mesmo sei
Se consumar em imensa dor,
Mas o poeta que brotou em mim
Destruiu a história da minha vida,
Eu fui um dia terminar assim:
Fazendo da poesia morte a minha lida,
Mas os seus olhos eu encontrei
No fundo do mar aberto onde
Fui encontrar a sua alma
De sereia -Lá a vi e eu sei
Que era ela, que é onde se esconde
Dentre as sereias a minha dama..."