Vejas como a estrela no espaço
Vejas como a estrela no espaço
Some sem sumir o seu brilho,
E como, ainda assim, um buraco
Negro engole todo o vizinho;
Pois tu, quando vais, me és igual:
Iluminas todo o caminho
Deixando, pra trás, desleal
Vazio no qual morro, sozinho.
Vejas como a estrela no espaço
Somente por longe estar
Inspira o poeta coitado
E o louco que quer se curar.
E vejas que o brilho é a dor
Mas também o próprio brilhar:
A luz guia o navegador
E ri do afogado no mar.
Porém, da estrela algum dia
A luz e o buraco se irão,
Já os teus, a existir por divina
Potência, pra sempre arderão.
Então mais real que as estrelas
É minha doída aflição,
E bem mais reais do que pensas
São os teus poderes na mão.
Nunca é bom estar a distância
De ti, porque a estrela me queima,
Mas amo que queime em abundância;
Eis a doce humana toleima...
11/8/2017