Ainda Que Tudo, Sem Amor Tudo É Nada
Ainda que eu contemple as seis dezenas premiadas
De uma aposta acumulada em um bilhão de Esterlinas
Sem o teu carinho, eu seria um miserável, um ser triste e detestável
Pois não há riqueza infindável que compense ser sozinho.
Ainda que eu receba a concessão da vida eterna
Em um castelo em Bruxelas ou numa das ilhas Maldivas
Sem teu coração, o infinito é puro tédio, sofrimento e sacrilégio
Pois o mundo é um deletério sem teu corpo para amar.
Ainda que eu fosse restituído de uma lepra
Em um quadro irreversível em que eu perdesse as minhas pernas
Sem o teu perdão, me inclinaria ao suicídio
Pois você é a tradução e minha única ambição de viver e me achar vivo.
Ainda que eu fosse o homem mais inteligente
Que transcendesse a metafísica e contradissesse Immanuel Kant
Sem a tua vida, eu seria um ignorante, um ser mesquinho e arrogante
Pois até Nietzsche é pedante por não ter lido a tua íris.