Tempo de Areia
Tempo de Areia
Houve um tempo em que nosso amor era água, com doces cantos de sereia; nossa relação, um barco que deslizava nas ondas; mas o tempo repleto de mágoas, transformou nosso amor que era mar em um deserto de areia.
Sentindo a areia entre os meus dedos, às vezes, sinto falta da água corrente, desejo e devaneio, pois nosso barco que seguia fluindo, hoje está ancorado nessa duna de areia.
Diante do deserto que já foi mar, me pergunto o que ainda faço aqui; não seria agora a hora perfeita pra sair daqui? Porém, o vento que fala que tudo muda, trouxe também o tempo, que veio me contar que depois de tanto intento em tentar transformar deserto de areia em água de mar, se eu prestar atenção, talvez eu veja, que nosso amor que agora é deserto de areia, tem outra cor, outro tom, e também se movimenta, pois ainda continuamos no nosso barco-relação, e esse barco se move pelas dunas de areia; empurrado pelo vento, transformado pelo tempo em outra coisa.
Nosso barco continuar a navegar - hoje sei disso, pois ao passar tanto tempo querendo que nossa relação voltasse a ser mar, esqueci de observar que essa deserto de areia é uma outra fase de um amor que sempre se transforma e renasce; pois por não precisar ter formato, o nosso amor pode ser água, pode ser areia; e se eu não tentar controlar, nosso amor pode se transformar em qualquer outra coisa, quem sabe, pó de estrelas, que reflitam à noite nas areias do deserto, passando um filme sobre reencontros, pois não importa a forma, o cenário, as circunstâncias, o amor verdadeiro sempre encontra um meio de se manifestar além das aparências de deserto ou mar.