Luva
Conheci-a pela manhã.
À tarde palavras — e só.
Beijos ao nascer da lua.
Sem amor, sem paixão.
Tirania da volúpia.
Nada medido nem pesado.
Perigoso e natural.
A lua que se dane, entrou sem ser chamada.
Hoje em dia não se adia mais o prazer.
Não faz falta o laço.
O nome.
O ontem nunca existiu.
E o dia seguinte é passado.
Mas ela ignorou.
Voltou como um refrão.
Esqueceu a luva...
Mas como? Luva não mais se usa!
Como não se usa também a lua.
Que veio junta — intrometida.
No afã de abençoar
Venceu o amor.
Dane-se a modernidade.
Foi-se contente a lua.