PIOLHO CEGO

Corre lentamente o tempo,

no vento frio que sopra,

os cabelos deslizantes,

por entre os dentes pálidos,

do pente fino, em busca do piolho,

que sossegado e sonolento,

vai sugando lentamente,

o sangue que corre da ferida,

aberta no olho cego.

Passa o tempo, pelos cabelos do vento.

Passa a longa dor da angústia,

na vida que se encerra,

em minha querida tia, Augusta.

Vem o frio da ausência

e o desassossego, rouba-me a calma.

Já não tenho mais paciência,

nem mesmo para com o piolho,

que vem sondar minha mente,

em busca de alimento fácil.

Porém, os dentes pálidos do pente,

que o odontologista tenta corrigir,

já não tem mais o mesmo sorriso,

espalhado pelo frio vento.

Pois, com sua ausência,

vejo que em mim, o desejo,

de tocar seu lindo corpo

torna se cada dia maior.

E como um piolho cego,

sigo sozinho meu caminho,

em busca do brilho de seus olhos.

E com o desejo de ser o pente fino,

que ao tocar seus cabelos,

faça lhe mais flexível,

para reconhecer em mim,

o quanto eu a amo.

Nova serrana (MG), 29 de outubro de 2008.

Tadeu Lobo
Enviado por Tadeu Lobo em 02/08/2017
Código do texto: T6072390
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2017. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.