No ingadar do teu olhar
O sabor é doce
Da tristeza o amargor!
É tão puro e como se fosse,
O abismo secreto da dor.
Fazer o que não se deve.
O perigo tão bom de se sentir!
O belo amor é quem escreve,
Não se saberá o que está por vir.
Quero sempre de tu perto épiro.
Teu engadar do atroz,
Exala um suspiro.
Bendiga a voz!
Teu perigo de incerteza
Em fulgura não se via
Desvaindo especulos da realeza
Bela flor de minha alegria!
Anseando ao menos ver
Desmembrando toda distância
Retirando do iníquo o mau querer.
Da beleza calculada
Do desvair da errancia
Quão pureza multiplicada
Esvaindo tua preponderância.
Navegando sem ao menos tédio
Das vanguardas o labor
Tendo a equidistância do epicédio
Em evasão do pudor.
Digo tudo portada duma pena
Dizendo a ti tudo mais uma vez
Toda a linguagem sê pequena
Tu es meu próprio português!
De todas as palavras há a verdadeira
Dos sentidos o respirar
Com amor não há brincadeira
No arrepio do teu olhar.