INSPIRAÇÃO DO POETA
Hoje não vou escrever sobre as dores e os temores que me trouxeram aqui,
Hoje não cantarei as magoas e tampouco as lágrimas derramadas,
Me aquietarei e permanecerei assim, para que a terra vente seus ventos em silêncio,
E as estrelas brilhem mais forte procurando pela presença que resolveu se ausentar,
Porque tantas palavras, ainda que fossem grãos de areia formariam deserto,
Ainda que fossem gotas d’água transbordariam o mar,
Para que a imensidão fosse tão inútil por quem o amor tenta explicar,
Hoje me calarei para ouvir o som das lembranças,
Ouvir o samba que o coração faz batucar,
Hoje não vou escrever, apenas inspirar,
É que o amor em palavras, é apenas fria definição,
Mas o sentimento arde feito chama,
Transformando o coração em vulcão em erupção,
E nele ninguém pode tocar, a não ser seu autor,
O dono de cada reação, o compositor de suas notas, amar...
Falhei e escrevi, não logrei êxito em me calar,
E aqui vim para dizer que o amor guia em direções não planejadas,
E vicia a alma, e vicia o espírito e vicia o corpo em seus aconchegos,
É o berço da paz, inspiração do poeta,
O amor de tantas formas, explode e acalma,
E se você amado meu me pedisse uma definição do que é o amor,
Ah, se você exigisse de mim proeza tal,
Eu novamente ficaria calado e não escreveria,
Te confrontaria a um espelho, e naquele reflexo minha resposta lhe daria,
E me calaria olhando as cores do meu amor.