beatniks perdidos no espaço e tempo

banhado pela insatisfação
de uma distância
em profundas horas,
eu fico imaginando
a gente
juntos
às vezes.

nessas batidas calmas
e saxofones pesados
há um quarto
com pouca iluminação.
há um pouco de
carinho na cama,
um de nós levanta,
põe uma folha na
máquina, escreve um
parágrafo, bebe um
pouco de vinho, volta
pra cama, mais um pouco
de amor. aquele que carregamos
em nossos ombros
como um fardo
pesado de uma necessidade
a voar. a gritá-lo do topo, de
quem estiver em cima, por cima.
o outro levanta
e vai à máquina
e escreve mais um parágrafo
e bebe mais um pouco
daquele vinho
e volta pra cama para mais
um pouco de suor nos
lençóis, nas paredes, mais
sussurros ébrios, mais cansaço
de dançar o jazz lento,
e isso se repetindo
até que ambos de nós
estejamos bêbados e ofegantes,
satisfeitos
e com um conto
ou um poema
produzido
nessa espera
pelo nascer
do sol.
Cleber Junior
Enviado por Cleber Junior em 20/07/2017
Código do texto: T6059860
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