TEMPOS DE CANTAR O AMOR

(Baseado em Cânticos dos Cânticos)

Ouço a voz do meu amor, cantando
Que vem depressa, descendo as montanhas
O meu amado é como um cabrito selvagem
Como uma gazela, está ali ao lado da nossa casa
Olhando pelas janelas, me espiando pelas grades
O meu amor, comigo, está falando!

Venha então, minha querida...
Venha comigo, meu amor...
O inverno foi embora, a chuva já passou
As flores aparecem nos campos
É tempo de cantar
Ouve-se nos campos, o canto das rolinhas
Que já não estão sozinhas
Os figos já amadurecem
Pode-se, já, sentir o perfume da parreira em flor
Venha comigo, minha querida! Venha, meu amor!

Estás escondida como uma pomba na fenda da rocha
Mostras-me teu rosto lindo
Deixas-me ouvir a tua voz suave
De timbre agudo, ora mais grave
Peguem as raposas com suas raposinhas
Antes que estraguem nossa florida plantação de uvas!

O meu querido é meu, dele, sou eu
Bem cedo, ainda, o dia fresco
Parte o meu amado, diligente
Leva a pastar, por entre os lírios, o seu gado
Peço que regresse sem demora
Rápido como um cabrito selvagem
A correr como aqueles do Montes de Beter
Noites e noites, procurei o meu amado
Mas não o encontrei
Os guardas da cidade não me informaram sobre ele
Logo que saí de perto deles, o encontrei
Não permiti que fosse embora, o abracei
Até que, comigo, fosse à casa de minha mãe!

Mulheres de Jerusalém !
Pelas veadas selvagens, pelas gazelas
Agora pejadas, de luzidia cor
Exijo que, por elas, jurem
Que não vão espiar pela janela
Que não vão perturbar o nosso amor!

Sobradinho-DF, 11/08/07 - abello